sexta-feira, 21 de maio de 2010

O caminho mais curto para chegar ao Bernabéu

Amanhã será um dia especial. Mais do que uma final entre as duas equipas mais competentes a nível europeu, o jogo do Bernabéu será também o jogo ideal para José Mourinho começar a sentir o pulso ao ambiente merengue. Não me espanta que os adeptos do Real Madrid comecem desde já a exigir ao Special One noites de glória naquele estádio. Sim, porque amanhã, no meio de tanto interista e bávaro, estará o comum adepto do Real, que por uma noite certamente vestirá de nerazzurri. Mas o que é que torna esta final ainda mais apetecível do que o enunciado em cima? Bem, não seriam necessários motivos especiais. Afinal, é uma final da Liga dos Campeões, não é? A resposta está precisamente em Van Gaal, e o próprio Mourinho. Mais do que um confronto de gerações, estão em disputa duas formas de pensar e abordar o jogo, e até do próprio relacionamento humano que um e outro impõe e cultivam nos seus atletas. É o próprio Robben, jogador do colosso alemão e um dos poucos que trabalhou com os dois treinadores que amanhã se defrontam, a reconhecer as diferenças entre ambos. É pela boca do holandês que sabemos que Mourinho é totalmente obcecado com a cultura de vitória, fazendo do resto factores secundários. Em contrapartida, "ganha" os jogadores pelo trato humano que lhes dá. No canto oposto, Van Gaal. Escola holandesa, dá total preferência ao futebol total, mas, e segundo o ex-jogador Dani, peca por se afastar demasiado dos jogadores, não dialogando com os mesmos.

Cada vez que reflicto sobre as características destes dois treinadores e tento avaliar mentalmente o peso que elas poderão ter no desfecho do jogo de amanhã, uma frase insiste em passear-se na minha mente. A frase é de Mennoti, campeão do mundo em 78 e treinador do Barcelona em meados dos 80: "Através da maneira de jogar das minhas equipas, eu falo da sociedade em que gostaria de viver!"

É possível desmontar a frase e até transportá-la para os dias de hoje, relacionando-a com um dos personagens em foco no jogo de amanhã. Se a frase fosse dita por Mourinho resultaria em algo do género: "Através da forma de jogar das minhas equipas, falo sobre a sociedade em que vivo!". Referir-se-ia, obviamente, à sociedade vigente que, apesar de apegada a valores estéticos, apregoa a eficácia e a garantia de resultados positivos. Que é o grande trunfo de Mourinho. Minimizar riscos, maximizando a obtenção de resultados. Por outro lado, a imagem de líder de duas caras do português. Mourinho saberá certamente, e já o provou, que a única forma de ganhar os seus jogadores é fazer deles uma espécie de melhores amigos, filhos até. Tanto pode dar-lhes tudo e enfrentar o mundo com eles, como pode tirar-lhes o tapete debaixo dos pés. Deste modo, o respeito por uma figura que está sempre próxima, para o bem e para o mal, é garantido.

Vai daí, parece-me que a vitória sorrirá ao Inter. Apenas porque é uma equipa à imagem do seu treinador e da nossa sociedade: competente.

José Borges

dia 1

Olá, o meu nome é José Borges, e sou um apaixonado por futebol. Sou licenciado em Ciências da Comunicação, frequento o mestrado de Comunicação e Desporto na Universidade do Porto e mais recentemente comecei a trabalhar no Jornal de Notícias. Como o maior evento futebolístico do mundo se aproxima e a excitação em torno do mesmo aumenta de dia para dia, decidi voltar a escrever e a brindar-vos com as minhas opiniões e análises sobre este jogo apaixonante. Espero que disfrutem tanto como eu certamente o farei e, escusado será dizer, aguardo os vossos comentários, sejam eles com fim de abrir debate, ou até mesmo de carácter incendário.

Um até já!

José Borges